quinta-feira, 7 de junho de 2018

Tudo está no seu lugar





 Lula na senzala
   Temer na varanda
    Casa grande clama
  Louros da vitória

Na senzala Lula
   Na varanda Temer
      Casa grande: Louros
Clamam a vitória




Olá caros viajantes das letras,
O Blog é dedicado a letra de música, mas devido ao risco que corre a democracia, este blog faz um apelo para a poesia.








quinta-feira, 27 de abril de 2017

A casa grande persegue Lula e o povo sofre o golpe (BRASIL QUEIMA)



        Assisto um golpe em curso que não cessará sua sanha por poder e destruição do povo.
CLT, SUS, INSS e o que mais houver com vontade social será devorado pelo monstro insaciável.              Atônitos, lenientes, ignorantes e impotentes assistimos o monstro vencer, destruir, devorar e gargalhar.

       Globotizados cospem xingamentos e o ódio irradiado por fricção atômica atinge tudo e a todos.            Não há mais pessoas, vejo apenas andrajos entrecortados por gritos de horror e de torpor.

quinta-feira, 2 de março de 2017

Estranhas coincidências - Guilherme Rondon e Paulo Simões



     Gravado ao vivo no museu da imagem e do som de São Paulo (M.I.S), sob a direção musical de Guilherme Rondon, O long play “Pantanal alerta Brasil” é um dos projetos significativos musicais no que tange a ecologia, e que foi muito além do LP.
     A canção analisada, “estranhas coincidências”, já iniciara exitosa pelos músicos que a compuseram, Guilherme Rondon e Paulinho Simões.
    A música fora executada por João Figar, Guilherme Rondon, Toninho Porto, Celito e Geraldo Espíndola.
   Letra amorosa e gnóstica, faz alusão utilizando elementos do imaginário pantaneiro e por que não dizer do centro-oeste onde a cultura popular é permeada de misticismo e religião.
   Nessa letra poderia ser possível que os autores fizeram menção a linguagem dos sinais.
   Nessa perspectiva, deus, cosmos ou qualquer outro nome para o suposto criador utiliza-se das coincidências como signos linguísticos para conversar com os mortais e se possível oferecer-lhes conselhos.
   Em estranhas coincidências, o eu lírico da canção informa ao ouvinte que o tempo é contínuo, sem retorno.
   Essa experiência ocidental de tempo contrasta com a do indígena que assimila o tempo cronológico de outra maneira, impossível de ser absorvida pelo homem rural ou urbano.
   Na segunda oitava da letra da canção, os versos abordam os sinais físicos, catástrofes e os inúmeros profetas apocalípticos, Paulo Simões retomara esse tema na música “sete sinais’ que compusera em parceria com Almir Sater. Nesse conjunto de oito versos a letra sugere que as pessoas estão ‘cegas’ por que há muita informação, muita luz e pouca reflexão ao assimilar as notícias que são absorvidas pelas pessoas em geral: “ – quando as luzes são intensas cegam nosso olhar”...
   O refrão composto por seis versos encerra de modo gnóstico, místico e metafórico ao afirmar que se os deuses não omitissem as respostas procuradas pelo homem pós renascentista, gutembergueano e capitalista poderíamos perceber nossa fragilidade, efemeridade e impotência diante de acontecimentos motivados por forças maiores.
                      " Somos distraídas crianças num carrossel que não sabemos deter"
   Além dessa reflexão com o metafísico, a letra dessa música faz um mea culpa do ser humano e a degradação do seu próprio habitat.
   O carrossel é a vida, o tempo cronológico entre a concepção e o óbito.
   A ilusão de um “muro” entre a infância e a vida adulta é desfeita pelo viés gnóstico que entende que a alma não perece ou envelhece.
  Independente da visão semiótica que se aborda a canção, o9 deleite de escuta-la é atitude quase obrigatória para conhecer a arte pantaneira, ecológica, mística, gnóstica sul-mato-grossense.



Estranhas Coincidências

Estranhas coincidências
Insistem em revelar
Essa triste consciência
De termos tão pouco a salvar
Idade da inocência
Não há como retornar
Nem distâncias tão imensas
Pra se caminhar
Estranhas coincidências
Palavras soltas no ar
São sinais e advertências
De tudo que vai ter lugar
Avisos e profecias
Tentamos ignorar
Quando as luzes são intensas
Cegam nosso olhar

Se os deuses não guardassem
Alguns mistérios no céu
Seria simples se perceber
Que somos distraídas crianças
Num carrossel
Que não sabemos deter




domingo, 11 de janeiro de 2015

DEPOIS DA CHUVA – Bebeto Alves












      Um artista com alma fronteiriça.
      O LP “Pegadas” de Bebeto Alves traz a baila um Bebeto purificado após seu pequeno “retiro” pelas bandas do “Tio Sam”.
       A música em questão chama-se “Depois da chuva”, trata-se dos mesmos motivos que fazem a Fenix reestabelecer-se.
       Ela inicia-se assim:

    “ Não vou morrer
       Depois da chuva
       Como um domingo
       Não vou morrer ”
    
      Nesse quarteto Bebeto Alves leva o significante morte, chuva e domingo ao alge da depressão.
      O Domingo e o extrato da possibilidade perdida de um próspero sábado que passou.
      Na quadra seguinte eleva a morte para o resultado desta, ou seja, quem sofre a ação da morte. O ser que morre:

     “ Não vou morrer
        Isso é um insulto
        Sob esse viaduto
        Não vou morrer ”

      Na quadra acima vemos inferências da ação morte e trocadilho subliminar de sobre por sob. Um suicídio é consumado sobre e não sob um viaduto.
      Quem conhece Porto Alegre e sua cultura autossuficiente visualiza o viaduto Otávio Rocha na canção de Bebeto Alves.
      Seguindo a letra temos:
     “ A cidade escura
       E imunda é que está
       A apodrecer ”

     No trecho  acima ele queixa-se de Porto Alegre, cidade qual teria abandonado um ano antes e teve que voltar, porém  produzindo, cantando e gravando.
   
   “ Mas vem a chuva vem
     As pedras vão rolar
     Rolam pedras sim
     Rolam em mim ”

     Nessa quadra que acabamos de ler pode-se supor a passagem do tempo e dos fatos no signo da pedra.
     Vida e fatos sucedem-se em todo ser vivente,ou seja, o tempo e os fatos da vida atuam em todos.
 
     “ Eu não vou morrer
        Desaparecer
        Na palavra "fim", baby
        Escrita em algum lugar ”

      Apesar de Bebeto Alves nunca ter entendido por que não despontou nacionalmente desde o “LP” “Paralelo 30”, ele nunca desistiu, não pereceu e nunca perecerá na palavra fim.

     Bebeto Alves dizia que seus discos eram como “discos voadores”. As pessoas sabem que existe, mas nunca viram.
      Um comentário inverídico do próprio artista que é um dos baluartes da música gaúcha e nacional.



                        








                                                            Música: Depois da chuva
                                                            Compositor: Bebeto Alves
                                                            Lp: Pegadas ( Ao vivo no Porto de Elis )
                                                            Ano: 1987


Não vou morrer
Depois da chuva
Como um domingo
Não vou morrer
Não vou morrer
Isso é um insulto
Sob esse viaduto
Não vou morrer

A cidade escura
E imunda é que está
A apodrecer
Mas vem a chuva, vem
As pedras rolar
Rolam pedras, sim...
Rolam em mim

Eu não vou morrer,
Desaparecer...
Na palavra "fim", baby
Escrita em algum lugar







quinta-feira, 4 de setembro de 2014

HOMEM DE TRINTA - SÉRGIO SAMPAIO




    Ouvindo Sérgio Sampaio, a música  chama-se “Homem de trinta”, maravilhosa.
    “Homem de trinta” retrata um Sampaio querendo ser mais responsável e reflexivo.
    A letra expõe o compositor revigorado, porém, ressentido por estar de fora do “mainstrean”.
    O fato de estar com trinta anos faz a maioria refletir sobre tal idade. Até para os que ainda não chegaram a ela.
    “Serjão” aos trinta anos estava mais calmo, solitário de amigos, contanto apenas com esposa e filhos. Fase que durou muito pouco.
    Sérgio Sampaio infelizmente morreu antes de concretizar o tão esperado disco com a gravadora “baratos afins”.

   “Homem de trinta”. Uma pérola na ostra digital que poderá ser redescoberta.



                                             HOMEM DE TRINTA

                                             Música; Sérgio Sampaio
                                             Letra;    Sérgio Sampaio
                                             
                                             LP ; "Sinceramente"
                                             Ano ; 1982


Quase que eu fui pro buraco
Por pouco não fui morar no porão
Dancei mas não sei não
tive cuidado
De ter os pés quase sempre no chão
E a cabeça voando como se voa na imaginação
Longe do resto do bando
Mas sempre perto do meu coração

Depois de algum tempo nisso
Indo no fundo e voltando pra ver
Eu me descubro, amor, dentro do vício
Maravilhosamente a renascer. . .
Amando a vida como ama
o entalhador um pedaço de pau
o pescador o seu rio
e o sofredor sua mulher fatal

Hoje com os olhos mais claros
olhando as coisas como as coisas são
Eu me desenho, amor, como se pinta um quadro novo com o brilho e a cor
De todo homem de trinta. . . Trinta moleques que o tempo criou
E muito embora eu não sinta
Eu sei que eu sou o que eu fui e o que sou

Tenho almoçado e jantado
Tenho tomado café da manhã
Barra pesada não, muito obrigado
Tenho levado uma vida sã
Tenho tomado algumas
E tenho amado uma mesma mulher
Eu tenho andado sem turma

Mas solitário eu sei que não dá pé. . .

                                               

segunda-feira, 7 de julho de 2014

SANGRANDO - GONZAGUINHA



                                         



        Faixa do disco "De volta ao começo", música visceral, profunda e corajosa.
        MarcosRodrigues trabalha em seu texto a parte da “transpiração” no processo de composição musical, a principal. Sem execução não há produto, como diz a bíblia: - No início era o verbo. Verbo é ação.
        A música “Sangrando” fala da parte emocional de uma letra de música, a entrega.
        Todo criador de arte, de qualquer uma de suas formas, só tem um trabalho digno de ser chamado de tal quando há entrega.
        Aristóteles já ensinava na antiga Grécia que arte é imitação, ou seja, verossimilhança. “Sangrando” tem todos esses elementos.
        Segue a letra da canção:

                                         
                                           SANGRANDO
                                           Música: Gonzaguinha
                                           Letra: Gonzaguinha
                                           Lp: De volta ao começo
                                           Ano:1980




Quando eu soltar a minha voz
Por favor, entenda
Que palavra por palavra
Eis aqui uma pessoa se entregando

Coração na boca
Peito aberto
Vou sangrando
São as lutas dessa nossa vida
Que eu estou cantando

Quando eu abrir minha garganta
Essa força tanta
Tudo que você ouvir
Esteja certa
Que estarei vivendo

Veja o brilho dos meus olhos
E o tremor nas minhas mãos
E o meu corpo tão suado
Transbordando toda a nossa emoção

E se eu chorar
E o sal molhar o meu sorriso
Não se espante, cante
Que o teu canto é a minha força
Pra cantar

Quando eu soltar a minha voz
Por favor, entenda
É apenas o meu jeito de viver
O que é amar

      Podemos inferir que a letra fala do valor de uma obra original. Uma vida não é igual a outra.
Falar de erros, ideias e opiniões e nada mais do que se expor ao julgamento alheio.
      O compositor sincero usa sua vida como matéria prima, a emoção dos palcos onde o resultado do trabalho e executado.
      O refrão sugere a emoção extravasada em lágrimas.
      Não se pode  esquecer que além de conviver na periferia Gonzaguinha tinha posições políticas de esquerda, o que lhe rendeu diversas letras censuradas.
      O final da letra que ele encerra separando com uma virgula as palavras finais: “o que é amar.Resumindo, toda a canção é sua forma de amar.
      Amar é vida, vida é entrega, quando a pessoa se entrega é como se ela sangrasse.





sexta-feira, 25 de abril de 2014

Pavão Mysteriozo - EDNARDO



    Baixei em MP3 via “torrente” é claro, o Long Play (LP) de Ednardo intitulado “O romance do Pavão mysterioso”.
    O LP já identifica que Ednardo pertence ao grupo denominado “Pessoal do Ceará”. Além dessa particularidade o LP carrega o mesmo nome de um conto de cordel de João Melchíades Ferreira da Silva porém a palavra misterioso vem grafada com um “Y” em vez de “i” na primeira sílaba.
    Gramatiquices a parte, o LP traz o nome de um conto onde há praticamente quatro personagens. Dois irmão, uma bela  moça e um conde.
    Resumidamente, o conto trata da epopeia de um rapaz que se apaixonou por uma foto presenteada por seu irmão quando este fora viajar para conhecer o mundo e não ser como um inseto em volta da lâmpada.
    Quando o irmão do herói do conto lhe entrega a foto ele sai ao encontro de sua futura esposa e a fúria de seu pai, um conde malvado.
    Para ter êxito em sua empreitada o rapaz recebe ajuda de um inventor talentoso que lhe constrói uma espécie de helicóptero denominado “Pavão misterioso”.
    Na música de Ednardo, além da referência ao conto, é possível fazer inferências de crítica ao regime militar vigente na época e com o recrudescimento da violência com o Ato institucional número cinco (AI-5).
    Por incrível que pareça, a música agradou os setores apoiadores da ditadura militar brasileira e foi tema de abertura da novela “Saramandaia” exibida na rede Globo. Novela que tem como fio condutor um roteiro baseado na literatura fantástica.
    Alexandre Ayub em seu livro “A militarização das artes”, cita “Pavão Mysterioso” como um dos baluartes contra a truculência verde-oliva.

     A música é considerada sagrada pelos índios do xingu em rituais religiosos.
     Além de toda essa carga semântica,  “Pavão Mysterioso” de Ednardo é escrito com “Y” na primeira sílaba. .Será que poderíamos interpretar como um anagrama para “Myster Zóio” como o desenho da capa denuncia? Quem sempre espionou o Brasil e apoiou a operação “Condor”? Prefiro o Pavão.


PAVÃO MYSTERIOSO
Música: Ednardo
Letra: Ednardo
Lp: O romance do pavão mysterioso
Ano:1974



Pavão misterioso
Pássaro formoso
Tudo é mistério
Nesse teu voar
Ai se eu corresse assim
Tantos céus assim
Muita história
Eu tinha prá contar...

Pavão misterioso
Nessa cauda
Aberta em leque
Me guarda moleque
De eterno brincar
Me poupa do vexame
De morrer tão moço
Muita coisa ainda
Quero olhar...

Pavão misterioso
Pássaro formoso
Tudo é mistério
Nesse seu voar
Ai se eu corresse assim
Tantos céus assim
Muita história
Eu tinha prá contar...

Pavão misterioso
Pássaro formoso
No escuro dessa noite
Me ajuda, cantar
Derrama essas faíscas
Despeja esse trovão
Desmancha isso tudo, oh!
Que não é certo não...

Pavão misterioso
Pássaro formoso
Um conde raivoso
Não tarda a chegar
Não temas minha donzela
Nossa sorte nessa guerra
Eles são muitos

Mas não podem voar..