Um artista com alma fronteiriça.
O LP “Pegadas”
de Bebeto Alves traz a baila um Bebeto purificado após seu pequeno “retiro”
pelas bandas do “Tio Sam”.
A música em
questão chama-se “Depois da chuva”, trata-se dos mesmos motivos que fazem a
Fenix reestabelecer-se.
Ela inicia-se
assim:
“ Não vou
morrer
Depois da chuva
Como
um domingo
Não vou morrer ”
Nesse
quarteto Bebeto Alves leva o significante morte, chuva e domingo ao alge da
depressão.
O
Domingo e o extrato da possibilidade perdida de um próspero sábado que passou.
Na quadra
seguinte eleva a morte para o resultado desta, ou seja, quem sofre a ação da
morte. O ser que morre:
“ Não vou morrer
Isso é um
insulto
Sob esse
viaduto
Não vou morrer
”
Na quadra acima
vemos inferências da ação morte e trocadilho subliminar de sobre por sob. Um
suicídio é consumado sobre e não sob um viaduto.
Quem conhece
Porto Alegre e sua cultura autossuficiente visualiza o viaduto Otávio Rocha na
canção de Bebeto Alves.
Seguindo a letra
temos:
“ A cidade escura
E imunda é que
está
A apodrecer ”
No
trecho acima ele queixa-se de Porto Alegre, cidade qual teria abandonado um ano antes e teve que voltar, porém produzindo, cantando e gravando.
“ Mas vem a chuva
vem
As pedras vão
rolar
Rolam pedras sim
Rolam em mim ”
Nessa quadra que
acabamos de ler pode-se supor a passagem do tempo e dos fatos no signo da
pedra.
Vida e fatos
sucedem-se em todo ser vivente,ou seja, o tempo e os fatos da vida atuam em
todos.
“ Eu não vou
morrer
Desaparecer
Na palavra "fim", baby
Na palavra "fim", baby
Escrita em algum lugar ”
Apesar de Bebeto
Alves nunca ter entendido por que não despontou nacionalmente desde o “LP”
“Paralelo 30”, ele nunca desistiu, não pereceu e nunca perecerá na palavra fim.
Bebeto Alves
dizia que seus discos eram como “discos voadores”. As pessoas sabem que existe,
mas nunca viram.
Um comentário
inverídico do próprio artista que é um dos baluartes da música gaúcha e
nacional.
Música: Depois da chuva
Compositor: Bebeto Alves
Lp: Pegadas ( Ao vivo no Porto de Elis )
Ano: 1987
Não vou morrer
Depois da chuva
Como um domingo
Não vou morrer
Não vou morrer
Isso é um insulto
Sob esse viaduto
Não vou morrer
A cidade escura
E imunda é que está
A apodrecer
Mas vem a chuva, vem
As pedras rolar
Rolam pedras, sim...
Rolam em mim
Eu não vou morrer,
Desaparecer...
Na palavra
"fim", baby
Escrita em algum
lugar